quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Educação da boca prá fora

- A maioria dos pais sempre chega ao filho e diz. “Filho, a herança maior que eu posso te deixar é a educação".
- Quem ainda não ouviu esta frase?
- Pois é, todo pai em sua experiência sabe que, a educação emancipa. A educação abre novas possibilidades, e principalmente, abre as portas do mercado de trabalho.
- Deveria ser prioridade de todas as sociedades o investimento em educação.
- Más não é assim.
- O ano passado foi criado nacionalmente, o piso mínimo para os professores.
- É, o piso mínimo.
- O Governador Luiz Henrique e o secretário da Educação Paulo Bauer, entraram na justiça contra o piso mínimo para os professores.
- Não quiseram pagar o mínimo.
- Más nem o mínimo candidatos?
- Como em campanha podem falar de educação candidatos?
- Se até pelo pagamento de piso mínimo vocês entraram na justiça para não pagar e se colocaram contra!
- Essa semana teve um encontro do sindicato dos professores com os candidatos ao Governo do Estado.
- Advinha quem faltou a este encontro?
- Advinhou. Pois tenho certeza que você pensou no Raimundo Colombo.
- Porque será que ele não foi?
- Por que teria que se explicar por seus mestres, Luiz VX e Paulo Bauer.
- Como não tem explicação para falta de compromisso com o nosso futuro, ele não foi.
- Como diria Fernando Lyra.
- Há quatro anos a candidatura de Luiz Henrique era a "vanguarda do atraso".
- Hoje a candidatura de Raimundo Colombo é o "atraso da vanguarda".
- Mesmo representando o atraso, Raimundo Colombo precisa entender que todo profissional tem que ser estimulado.
- O estímulo vem da cabeça, através da qualificação profissional, e do bolso, através do pagamento de um salário digno.
- A educação começa com um professor estimulado.
- Isso que eu não estou falando que o piso mínimo atenda as necessidades básicas do professor.
- Acho que deveria ser no mínimo três vezes esse valor proposto.
- Más, em comparação ao que estava sendo pago, resguardou os profissionais que passaram quatro anos dentro de uma faculdade.
- Luiz Henrique e Paulo Bauer já mostraram que são contra a educação.
- Ao não comparecer no SINTE, Raimundo Colombo mostrou que tem a mesma opinião que os dois.
- Educação prá eles é só em época de campanha, e da boca prá fora.

COLOMBO E A SEGURANÇA PÚBLICA

- A segurança pública está pela hora da morte, desculpe o trocadilho.
- Em entrevista, Colombo pretende frear a violência com especialistas.
- Quais os especialistas?
- Com o Marcola?
- O Fernandinho Beira Mar?
- Ou o Nenêm da Costeira?
- Com a visão neoliberal de Colombo, ele pode privatizar a segurança para estes aí em cima.
- Os verdadeiros especialistas em segurança, esse governo não valoriza.
- Os verdadeiros especialistas da Segurança pública, são os praças da Polícia Militar.
- O praças é que estão no dia a dia lidando com os cidadãos.
- Oito anos de Luiz Henrique - Luiz XV - enganando os praças da Polícia Militar.
- Tratando todos os PMs ditatorialmente.
- Expulsou da PM quem resolveu protestar pelas promessas feitas aos Praças e que ele não cumpriu.
- É assim que esse governo enxerga a segurança pública.
- Prometeu aumentar os salários e aumentou.
- Os Salários dos oficiais.
- Para os praças deu somente 06 parcelas de R$ 50,00.
- Para os Oficiais da PM o aumento foi de R$ 3.000,00 de uma só vez.
- Imagina o Oficial numa quebrada, atrás de um bandido.
- Quem tem que ir à frente?
- O Praça, que recebeu 06 parcelas de R$ 50,00 ou o Oficial que recebeu R$ 3.000,00 de aumento de uma só vêz?
- É assim que o candidato Raimundo Colombo enxerga a Segurança Pública.
- O legado de Luiz XV deixou para a segurança pública foi o PCC - Primeiro Comando Catarinense. Criado em nossas unidades prisionais.
- O resultado dessa gestão do gênio Luiz XV a gente vê todos os dias nas manchetes de jornais e TV.
- Violência descontrolada.
- Pais de família com medo de sair de casa.
- O Colombo com seu intelecto limitado, acha Luiz XV um gênio em matéria de gestão....

domingo, 6 de julho de 2014

Vou falar com o Piloto! A repugnante elite dos aeroportos (e dos estádios e tudo mais…)

Por: Rosana Pinheiro-Machado
Voltar ao Brasil para mim é sempre um pesadelo logístico. E acreditem, não porque eu tenho medo danado de avião, mas porque tenho que aguentar o comportamento de meus compatriotas nas filas de embarque.
Quem tem que viajar seguido, especialmente passando pelos aeroportos dos Estados Unidos e da Europa, tem uma bela amostra do pior espírito da pior classe média brasileira. Aquela mesma que manda a Presidenta tomar no cu, que chama rolezinho de arrastão e que acha que pobre negro tem mesmo é que ser espancado e amarrado em poste. Como bem descreveu Marilena Chauí, a classe média violenta, ignorante, fascista e arrogante.
Antes de prosseguir, apenas um lembrete a alguns leitores. Meu espelho me diz que eu sou branca e de classe média. Eu me refiro a um tipo bem específico, mas que infelizmente representa uma grande parte da população brasileira.
Refiro-me àquele grupo que vive pelo consumo e, por ser um consumidor, acredita estender sua lógica da comoditização ao campo da vida coletiva, sendo um ser detentor de direitos e privilégios individuais. Acima do bem e do mal, é claro. Esse ser “cordial” já foi demasiadamente explorado pela sociologia e antropologia: de Sérgio Buarque de Holanda à Roberto da Matta: personalista, patrimonialista, e todos os piores ISMOS que formam uma espécie única burguesa que, no senso estrito do termo, não é burguesa nem liberal, mas algo que mistura uma elite emergente com uma aristocracia falida. Algo que só pode acontecer em um país cuja burguesia não fez ainda a revolução burguesa, e é ainda dominado no congresso por uma bancada ruralista. Entre outras coisas bizarras advindas de um passado recente calcado na ditadura, na violência e na tortura, mas todos aplaudiam (e continuam aplaudindo) a seleção brasileira com lágrima nos olhos.
***
Aeroporto do Heathrow, Londres
Normas internacionais estabelecem padrões de tamanho e peso de mala de mão. Chega uma família com malas enormes e a senhora do check-in gentilmente explica que ela não pode embarcar com aquele tamanho todo. Ela explica que existe uma taxa a ser paga para despachar o excesso. A passageira explica que já gastou todo o limite de seu cartão de crédito e que não pode pagar. A funcionária diz, então, que ela terá que deixar as coisas de lado. Começa a lamentação: isso é um absurdo! A funcionária mantém-se calma, dizendo sinto muito, senhora. Depois, vieram os gritos: eu vou para a justiça, neste país as coisas se resolvem na justiça. Não é como no Brasil! Vou recuperar tudo na justiça, todos os meus perfumes. E ela tirava fotos das malas tamanho super plus dizendo que era uma prova para a justiça. Apontava para a minha mala de mão e dizia que a minha era maior (sim, porque não basta ser ignorante, tem que ser igualmente filha da puta). Eu, calmamente, tirei os fones do ouvido e disse: minha senhora, a minha mala de mão atende a padrões internacionais permitidos, e voltei a ouvir música. Muitos outros passageiros se comoveram com o assassinato dos perfumes e começaram a gritar: é um absurdo, essa TAP.  Aos berros e cercando a funcionária, eles massacraram-na.
Aeroporto de Lisboa. Conexão.
Um voo para Brasília atrasa. Começa a gritaria e aquela cena típica, na qual cada um grita para um lado, todo mundo quer ser ouvido, mas ninguém ouve o que o outro tem a dizer. Pessoas bem vestidas novamente cercam a funcionária que está apenas comunicando que o voo atrasou.
Isso é um A-B-S-U-R-D-O! (como aquela fúria da coxinha de ossobuco…)
– Se fosse no Brasil, a gente entenderia, porque lá nada funciona. Mas na Europa?
– Moça, eu tenho um compromisso imperdível. E vou processar a TAP.
A fila se desorganiza e todo mundo fala ao mesmo tempo com a funcionária. Ninguém age coletivamente, as pessoas apenas começam a dizer que o seu compromisso no Brasil é mais importante do que qualquer outra coisa. Os estrangeiros e os outros brasileiros que não pertencem à elite-coxa ficavam bravos, balançavam a cabeça, mas pareciam entender que era preciso, simplesmente, esperar. Não adiantava dizer que é amigo do rei, porque o avião não chegaria mais cedo por causa disso.
Entro na fila do voo para Porto Alegre e observo meus conterrâneos. Entramos todos numa salinha após o embarque. Quando a elite-coxa viu que entraríamos em um ônibus, e não direto na aeronave, começou mais uma gritaria desorganizada: e não é nem no Brasil! Pessoas visivelmente nervosas falavam sozinhas e faziam seus pequenos protestos anti-Brasil (ainda que o problema acontecesse em Portugal). É por isso que eu vou torcer contra o Brasil hoje, disse uma mulher. Ela continuava: não pode ganhar! Essa gente do bolsa família, cega, ignorante vai se encachaçar e esquecer dos problemas do Brasil. Ela vê um grupo de jovens ao meu lado e nos dirige a palavra de forma soberana: São vocês, jovens, que precisam mudar isso, vocês têm que ir para rua.
Já no ônibus que levava à aeronave, essa senhora teve a brilhante ideia de continuar a protestar no busão e começou a gritar “NÓS ESTAMOS INDO PARA UMA DITADURA COMUNISTA E NINGUÉM ESTÁ VENDO. NINGUÉM ESTÁ VENDO”. As sardinhas espremidas se identificaram e, então, cada um falava por si: é verdade, é verdade. Enquanto isso, eu pensava que não demoraria mais do que 40 segundos para eu sair correndo daquele veículo.
A mulher continuou: eu ia para as ruas para lutar contra a ditadura e agora são vocês que têm que ir, porque hoje é pior que a ditadura. É tudo pro pobre! (Eu: poxa deve ser por isso que o pobre não está viajando para a Europa e você está, porque realmente é muito difícil a vida da classe média). As pessoas começaram a falar, como de costume, cada um para um lado
Que se foda a seleção. Esse país é uma merda
Se eu pudesse eu não morava no Brasil.
Nem eu!
Nem eu!
Nem eu!
(Eu: Boa ideia! Isso! Vão embora, mas não voltem!)
Finalmente, a lata de sardinha se abriu e todo mundo começa a correr e a se atropelar para entrar na escada do avião. Um pisa por cima do outro, como se os assentos não fossem marcados. Afinal, trata-se de gente muito phyna.
Meu lugar é o último da fileira de um compartimento do avião. Do meu lado, senta um casal, que reclamou que seus assentos reclinavam menos que os dos outros. O avião estava lotado. Chamam a comissária, e eu: não! chega por hoje! O marido disse: Meu assento blá blá blá e isso e aquilo. E a funcionária gentilmente explica que era apenas impressão, pois o assento reclinava igual aos outros. Daí o passageiro super-prejudicado larga a máxima: Eu vou reclamar com o piloto! Nesse momento, eu pensei que era uma pena eu não ter um Boa Noite Cinderela para aguentar as próximas 12 horas. E o diabo ainda roncava como um porco. Mas isso é outra história.
Aeroporto Salgado Filho, Porto Alegre. 05 de julho de 2014 – precisamente às 18h45min.
Todos perguntam quanto está o jogo do Brasil enquanto aguardam as (muitas) malas. O jogo acaba. O Brasil venceu. Todos começaram a aplaudir, assobiar e a se abraçar. Todos, inclusive a galera da sardinha.
Brasil, ame-o, odeie-o e (finja que) deixe-o.

domingo, 8 de junho de 2014

Quem é o senador Jorge Bornhausen



Estilo naftalina casa grande
Em toda sua trajetória política, inclusive como embaixador, ele se projetou pela postura de subserviência diante dos interesses imperialistas dos EUA e de apologista do ideário neoliberal de enxugamento e privatização do Estado.
Por Altamiro Borges -  2006-11-10 18:58:10
Na crise política do ano passado, sinistros personagens conquistaram os holofotes da mídia por sua postura raivosa e golpista. Entre eles, destaca-se o senador Jorge Bornhausen, presidente do PFL. Quando a tensão atingiu o seu ápice, ele festejou a possibilidade do impeachment do presidente Lula e da derrota das esquerdas para uma platéia de ricaços em São Paulo: "Vamos nos livrar dessa raça por uns 30 anos". Rechaçado pela declaração racista, o notório reacionário tentou remendá-la. Na seqüência, diante dos cartazes espalhados em Brasília com sua foto sobreposta a uma imagem nazista, ele teve um chilique e esbanjou histeria, relembrando seus velhos tempos de serviçal da ditadura militar.
Processou o sociólogo Emir Sader, um dos intelectuais brasileiros mais lúcidos e corajosos na denúncia da oposição de direita e que o taxou de "banqueiro racista" num texto à Agência Carta Maior. A ofensiva da velha raposa oligárquica, que durante algum tempo ficou na moita, mostra que a oposição liberal-conservadora está excitada. Escorraçada na eleição presidencial de 2002 e em 2006, ela continua a querer a revanche e não esconde o seu ódio de classe - para tristeza dos mercadores de ilusões que apostaram no fim da luta de classes no país!
Passado sinistro
 C&MM Interativa Administra a NovaE na Internet
Conteúdo para Web, redes sociais, projetos para profissionais liberais, projetos editoriais para empresas, organizações e sociedades.
www.cmminterativa.com.br
Mas o senador Jorge Konder Bornhausen não está com esta bola toda! Como desabafou o presidente Lula, irritado com os hidrófobos do PFL, "eles não têm moral para criticar". Na vida política, o senador sempre esteve a serviço das piores causas. Ele iniciou sua carreira na UDN, partido da elite, com roupagem moralista, conhecido pelas ações golpistas contra Getúlio Vargas e João Goulart. Após o golpe de 1964, foi um dos líderes daArena, partido da ditadura, da tortura e dos assassinatos, sendo presenteado com o posto de governador biônico de Santa Catarina. Com a redemocratização, fundou o PFL e ajudou a forjar a imagem de Fernando Collor de Mello. Defendeu este governante corrupto até o seu impeachment.
No triste reinado de FHC, Bornhausen foi um de seus principais ministros e ajudou no nocivo processo de privataria do Estado e de desmonte do Brasil. Em toda sua trajetória política, inclusive como embaixador, ele se projetou pela postura de subserviência diante dos interesses imperialistas dos EUA e de apologista do ideário neoliberal de enxugamento e privatização do Estado, de abertura indiscriminada do mercado interno, de redução dos gastos públicos nas áreas sociais e de flexibilização dos direitos trabalhistas. Uma coisa é certa: ele nunca escondeu as suas posições nitidamente identificadas com as teses da direita mais reacionária e entreguista, como se constata em seus discursos no Senado de fácil acesso na internet.
Já na vida privada, o banqueiro Jorge Bornhausen também tem um passado bastante suspeito. Oriundo de uma família oligárquica de Santa Catarina, ele sempre gozou de muito dinheiro e poder, tanto que chegou à presidência da poderosa Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Nas relações promiscuas entre o público e o privado, que caracterizam os patrimonialistas tupiniquins, o senador já foi acusado de vários atos ilícitos. Em junho de 2002, por exemplo, a revista Isto É denunciou: "Na investigação sobre remessa ilegal de dinheiro, Polícia Federal acha boleto bancário em nome de Bornhausen". A matéria descrevia em detalhes um megaesquema de corrupção no envio irregular de bilhões de dólares do Brasil ao exterior.
"Na papelada encontrada por investigadores americanos na agência do Banestado em Nova York havia um boleto bancário no valor de R$ 185 mil em nome de Jorge Konder Bornhausen". Esse montante teria saído da agência do Banco Araucária em Foz do Iguaçu. Em seguida, passou por um offshore num paraíso fiscal e desembarcou nos EUA. Com 35 mil páginas, o relatório da PF revelava a movimentação de 137 contas suspeitas feita através da CC-5. Entre 1992 e 1997, pessoas e empresas utilizaram este recurso para enviar ilegalmente ao exterior R$ 124 bilhões. Deste montante, a PF identificou quase R$ 12 bilhões que provinham de dinheiro sujo, "procedente de corrupção, tráfico de drogas e de armas e outros ilícitos" [2].
Estranhamente, FHC arquivou o dossiê da PF e ainda afastou o delegado José Castilho Neto, responsável pela investigação. "O estopim foi a divulgação do nome do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, entre os envolvidos no esquema de lavagem de dinheiro". A investigação ainda incriminou vários tucanos de alta plumagem, como o próprio FHC, José Serra e o falecido Sérgio Mota [4]. Revelou que o Banespa, sob controle do PSDB, usou este mesmo esquema de lavagem para enviar US$ 50 bilhões ao exterior em 1997. O Banestado quebrou em 1998, num escândalo que causou prejuízos de US$ 200 milhões para seus quatro mil clientes. Essa lavanderia mundial foi uma das fontes de recursos do condomínio PSDB-PFL.
Jorge Bornhausen também aparece em outros casos sinistros. Segundo o deputado Eduardo Valverde (PT-RO), ele esteve diretamente envolvido no escândalo da Pasta Rosa, que relacionou 49 parlamentares que receberam dinheiro para suas campanhas da Febraban e do Banco Econômico que nunca foi contabilizado - o famoso caixa-2. Luiz Carlos Bresser Pereira, tesoureiro da campanha de FHC em 1994, reconheceu publicamente que cerca de R$ 10 milhões destes recursos não foram contabilizados. O senador ainda é citado no caso da Feira de Hannover, "em que sua filha, sócia de uma empresa, ganhou sem licitação um contrato de quase R$ 17 milhões para a organização da feira. Jorge Bornhausen foi o principal defensor do governo FHC porque obtinha vantagens, não era por ideologia", ironiza o deputado petista.
Em junho de 2003, os procuradores Luiz Francisco de Souza, Raquel Branquinho e Valquíria Quixadá entregaram à Receita Federal cerca de seis mil documentos sobre 52 mil pessoas que lavaram US$ 30 bilhões nos EUA a partir do Banestado de Foz do Iguaçu. O maior foco de investigações recaiu sobre "a família do sr. Jorge Bornhausen, do PFL, cujo banco familiar, o Araucária, lavou ao menos US$ 5 bilhões nesse esquema, que envolvia dinheiro de traficantes, de doleiros, mas sobretudo das sobras de campanhas eleitorais" [5]. Todos estas graves denúncias, infelizmente, não fluíram no conciliador governo Lula. Elas bem que poderiam desmascarar muitos dos que hoje pousam de políticos honestos e esbanjam arrogância.
Notas

1- Marco Aurélio Weissheimer. "Escolha o seu lado e as suas causas". Agência Carta Maior, 04/11/05.
2- Andrei Meireles e Expedito Filho. "Surpresa para todos". Revista Isto É, 17/06/2002.
3- Amaury Ribeiro e Sônia Filgueiras. "Operação maluco". Revista Isto É, 21/06/2002.
4- Leonardo Attuch e Hugo Studart. "Os nomes e as provas do dossiê da PF". Isto É Dinheiro, 07/07/02.
5- "MP acusa Bornhausen de lavar US$ 5 bilhões no exterior". Revista Consultor Jurídico, 15/06/03
Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro "Encruzilhadas do sindicalismo" (Editora Anita Garibaldi, junho de 2005).

domingo, 18 de maio de 2014

EDUCAÇÃO VS COPA. COMO DESMORALIZAR UM COXINHA


​O Conversa Afiada reproduz do “Muda Mais“, um espaço para desmoralizar coxinhas :

DESCULPA AÍ, MAS A COPA É BOA PARA O BRASIL SIM






Existe no Brasil uma geração que nunca viu a seleção brasileira conquistar a Copa do Mundo. Essa galera também não sabe que o país tinha regras diferentes, onde não cabia opções: ou se investia em educação ou saúde, em saneamento, nem pensar! Era gasto. E a casa própria era apenas paras as classes B e A. Mas o Brasil mudou e hoje, no lugar de escolher uma alternativa, o pais adotou o agregar e incluir. Agora a população pode ter sim mais saúde, mais educação, mais infraetrutura, mobilidade urbana e também Copa do Mundo. Está na dúvida? Então veja os números:

Desde 2010 o governo investiu R$ 968 bilhões em educação, saúde e infraestrutura. E como a nova onda é a de somar, ainda foram investidos R$ 17,6 bilhões em toda a infraestrutura envolvendo a Copa.





Em educação, por exemplo,o governo entregou 1300 creches até o início desse ano e outras 3100 estão em construção. São 49 mil escolas com ensino de tempo integral e o objetivo é chegar a 60 mil até o fim do ano. Para aperfeiçoar o ensino, professores alfabetizadores estão sendo preparados para ajudar as crianças a chegar ao 8 anos de idade já sabendo ler e fazer as operações básicas de matemática.

Adicione a isso a retomada dos investimentos para o ensino técnico, com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec). Sozinho e com pouco mais de dois anos de existência, recebeu R$ 14 bilhões de investimentos, opa… muito mais do que foi investido em todos os estádios da Copa (R$ 8 bilhões). Além disso, foram criadas novas escolas técnicas federais e novas universidades. Poderíamos até parar por aqui, mas tem muito mais. Com a criação do Sistema de Seleção Unificada, que oferece vagas de ensino superior com base nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), muito mais gente conseguiu conquistar um diploma. Isso sem contar os programas como o ProUni e o Ciência sem Fronteiras.

Assim como à educação, os investimentos em saúde têm várias frentes. Por exemplo, são 10.121 novas unidades de saúde , outras 8.506 estão sendo ampliadas e mais 8.349 reformadas, com investimentos que chegam a R$ 3,5 bilhões. Outro programa é a Rede Cegonha, que já atendeu 2,6 milhões de gestantes, em mais de 5 mil municípios. Lançado em 2011, tem o objetivo de oferecer às gestantes do Sistema Único de Saúde (SUS) um atendimento cada vez mais qualificado e humanizado. Para a aplicação, foram investidos inicialmente R$ 9,4 bilhões.

Tem ainda o Brasil Sorridente, que já beneficiou 80 milhões de pessoas em todo o país e é considerado o maior programa bucal do mundo, com mil Centros de Especialidades Odontológicas e 23.150 equipes de saúde bucal, que atendem inclusive nas Unidades Básicas de Saúde. Até o final de 2014, terão sido investidos R$  3,6 bilhões no programa. É claro, tem ainda o Mais Médicos, que levou 13.235 profissionais a 4040 municípios e também os investimentos empesquisas –  R$ 248,7 milhões para encontrar soluções inovadoras a serem aplicadas ao SUS.







Quanto a mobilidade urbana , foram investidos R$ 143 bilhões em 3.859 km de vias para transporte coletivo urbano, seja sobre trilhos, pneus ou corredores fluviais. A prioridade está em empreendimentos de transporte público coletivo, de alta e média capacidade e que atendam áreas com população de baixa renda.

A esses R$ 143 bilhões somam-se R$ 8 bi que envolvem 42 projetos do escopo Copa do Mundo. Eles garantiram 17 novos corredores e vias expressas, 5 novas estações e terminais de trens e metrôs, 13 BRTs e 2 VLTs, obras essenciais, ainda que o mundial não fosse no Brasil e que beneficiarão 62 milhões de pessoas.

Os aeroportos das cidades-sede e também de regiões turísticas próximas passaram por reforma, na maioria dos casos para ampliar a capacidade de passageiros e de taxiamento de pistas. O benefício desses R$ 6,3 bilhões investidos não serão restritos à Copa, muito pelo contrário, turistas, homens e mulheres de negócios, ou seja, qualquer pessoa que utilizar um aeroporto neste e nos próximos anos encontrará um ambiente mais confortável e agradável. 






Levantamento da Fundação de Estudos e Pesquisas Econômicas (Fipe) em conjunto com o Ministério do Turismo indica que o país poderá ganhar R$ 30 bilhões com a Copa – o valor corresponde a geração de renda que será adicionada à economia brasileira. Entre abril e junho serão criados 47,9 mil novas vagas de trabalho por conta do mundial.A receita de negócios estimada para o setor hoteleiro, por exemplo, chega a R$ 2,1 bilhões, comércio – R$ 831,6 milhões e alimentação – R$ 900 milhões.

Mas o legado vai além. Passa por mais segurança, uma vez que estão sendo investidos R$ 1,9 bilhão  em compra de equipamentos, capacitação dos profissionais, a criação de um Sistema Integrado de Comando e Controle para monitorar, em tempo real, imagens de centros fixos e móveis instalados nas cidades-sede e reforço de 157 mil profissionais das forças de segurança pública nas ruas. Agora, diz aí: viu como a Copa é boa para o Brasil e para os brasileiros?



Extraído de
http://www.conversaafiada.com.br/economia/2014/05/18/educacao-vs-copa-como-desmoralizar-um-coxinha/#.U3i__v9ZQrI.twitter



quarta-feira, 2 de abril de 2014

Dilma está ficando barata no momento certo

Por que as pesquisas revelam que alguns meses antes das eleições, candidatos vitoriosos experimentavam momentos de baixa aprovação e, no momento seguinte, vencem?
 
Já abordei esse tema algumas vezes aqui.
 
No mercado de opinião, especialmente em algumas áreas específicas — como precificação de ações de empresas ou no mercado eleitoral — não existem bons e maus candidatos ou boas e más empresas: existem empresas e/ou candidatos caros e empresas e/ou candidatos baratos.
 
Esse fenômeno é recorrente.
 
O candidato é caro quando a imagem que projeta está além do seu real valor. Como ocorre isso?
 
Criam-se expectativas favoráveis ao candidato e ele sobe na avaliação popular. Durante algum tempo, todas  suas características positivas são supervalorizadas e as negativas jogadas para segundo plano.
 
Aí o candidato sobe demais. As avaliações positivas passam a ser assimiladas pela opinião pública, perdem o caráter de novidade. Entra-se, então, em um processo de reavaliação, no qual a novidade são as características negativas.  É aquela avaliação popular tipo "fulano não é tudo aquilo, não".
 
Na etapa seguinte, inverte a mão. As avaliações negativas crescem em uma enxurrada e são potencializadas pelos que apostam na "baixa" — no caso das empresas, para adquirir ações por um valor menor; no caso dos governantes, obviamente pelos interesses da oposição.
 
O político e/ou empresa vão caindo, caindo. Especialmente no caso brasileiro — onde há uma guerra aberta entre grandes meios de comunicação e governo — há uma superexposição dos defeitos do governo que provoca o chamado "overshooting" — isto é, uma radicalização do movimento de queda.
 
Nada funciona, tudo é ruim, mal planejado, mal comandado. Enfim, um deserto de ideias e projetos.
 
Obviamente, o mundo real não é assim. 
 
No período eleitoral, rompe-se o controle quase absoluto dos grupos de mídia sobre o mercado de opinião. Há o horário gratuito, as inaugurações, a possibilidade dos governos mostrarem o que fizeram e estão fazendo. 
 
Nesse momento, inverte-se a curva. Cada fato positivo receberá uma avaliação proporcionalmente mais que positiva do público porque partindo de um governo que — segundo a cobertura midiática anterior — nada tinha de bom.

Luis Nassif

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Ser de esquerda na era neoliberal

Por Emir Sader, no sítio Carta Maior:

Um instituto que fez a pesquisa e os editorialistas da velha mídia se enroscaram nos seus resultados, sem entender o seu significado. Afinal, se a maioria dos brasileiros é de direita – parte que vota na Dilma e parte que vota na oposição - porque a direita tem perdido sempre e continuará a perder as eleições? Por que os políticos mais populares do pais são Lula e Dilma e os mais impopulares FHC e Serra?

Uma primeira interpretação, apressada, é que se trataria de um governo de direita, daí receber o voto de setores que se dizem de direita. O país viveria um êxtase direitista, em que governo e oposição não se diferenciariam, ambos de direita. Tese tão a gosto da ultraesquerda e de setores da direita, ambos adeptos da tese de que o PT apenas repete o que os tucanos fizeram.

Tese absurda, porque já ninguém pode negar que o Brasil mudou, mudou muito e mudou para melhor depois dos governos tucanos e nos governos petistas. Como ninguém nega o destino contraposto que o povo reservou para o Lula e para o FHC, como consequência das mudanças entre um governo e outro.

Para complementar, a direita tradicional – midiática, partidária, empresarial – sempre esteve fortemente alinhada com o governo tucano e contra os governos petistas. Enquanto este sempre teve o apoio dos setores populares, de esquerda, de dentro e de fora do país – neste espectro, de Cuba a Uruguai, da Venezuela ao Equador, da Argentina à Bolívia. E, como corolário, a oposição dos EUA e das forças neoliberais no continente e no mundo. Estes buscando, inocuamente, projetar o México – o grande modelo neoliberal remanescente – como referencia alternativa à liderança brasileira no continente.

Afora o bizarro argumento de que todos estão equivocados e que o Brasil de hoje é igual ao dos anos 1990, de que os lideres esquerdistas não conhecem o país ou outro desse calibre, uma das características da polarização contemporânea se dá em torno do traje que veste o capitalismo na época histórica atual.

O anti-capitalismo, que sempre caracterizou a esquerda, ao longo o tempo, foi assumindo formas distintas, conforme o próprio capitalismo foi se transformando, de um modelo a outro. A esquerda foi antifascista nos anos 1920 e 1930, foi adepta do Estado de bem-estar social e do nacionalismo nas décadas do segundo pos-guerra, foi democrática nos países de ditadura militar. Assim como a direita foi mudando sua roupagem, na mesma medida: foi fascista, foi liberal, foi adepta da Doutrina de Segurança Nacional, conforme as configurações históricas que teve que enfrentar.

Na era neoliberal, os eixos centrais dos debates e das polarizações se alteraram significativamente. A direita impôs seu modelo liberal renascido, marcado pela centralidade do mercado, do livre comercio, da precarização das relações de trabalho, do capital financeiro como hegemônico, do consumidor. Ao mesmo tempo da desqualificação das funções reguladores do Estado, das politicas redistributivas, da politica, dos partidos, dos direitos da cidadania.

É nesse marco que a América Latina passou, de vítima privilegiada do neoliberalismo, à única região do mundo com governos e políticas posneoliberais, com governos que se propõem concretamente a superação do neoliberalismo. A prioridade das políticas sociais ao invés da ênfase central nos ajustes fiscais. O resgate do Estado como indutor do crescimento econômico e garantia dos direitos sociais no lugar do Estado mínimo e da centralidade do mercado. O privilégio dos projetos de integração regional e do intercâmbio Sul-Sul e não dos Tratados de Livre Comércio com os Estados Unidos. Essas contraposição define os campos da esquerda e da direita realmente existentes na era neoliberal.

Os brasileiros tem se pronunciado, reiteradamente, a favor das prioridades de distribuição de renda, do papel ativo do Estado, das políticas de integração regional e intercâmbio Sul-Sul. Constituiu-se uma nova maioria no país, progressista, que preferiu Lula ao Serra ao Alckmin, Dilma ao Serra, e se encaminha para preferir de novo Dilma ao candidato que se apresente pelas forças conservadoras.

Toda resposta de pesquisa depende da forma como foi formulada a pergunta. E os institutos de pesquisa tem sido useiros e vezeiros na arte de manipulação da opinião pública. Basta recordar que o diretor do mais conhecido deles, jurou que o Lula não elegeria seu sucessor, que o campo estava livre para o retorno tucano com o Serra, e demorou para se autocriticar, diante da realidade que o desmentia.

Na era neoliberal – modelo imposto sobre um brutal retrocesso na correlação de forças mundial e nacional – a linha divisória vem desse modelo, dividindo as forças fundamentais entre neoliberais e antineoliberais – conforme resistam a governos neoliberais – e posneoliberais, quando se empenham na sua superação. 

Em vários períodos históricos houve uma esquerda moderada e uma esquerda radical. A social democracia passou a representar a primeira, os comunistas e forças da extrema esquerda, a segunda. No período histórico atual há, na América Latina, governos posneoliberais moderados – como os do Brasil, da Argentina, do Uruguai – e radicais – como os da Venezuela, da Bolívia, do Equador, sem mencionar o de Cuba. Os primeiros romperam com eixos fundamentais do neoliberalismo – com os enunciados: centralidade do mercado, Estado mínimo, privilégio do ajuste fiscal e dos TLCs com os EUA – avançam na sua superação – centralidade das políticas sociais, do papel do Estado, dos processos de integração regional. Os segundos, além de antineoliberais, se propõem a ser anticapitalistas, e deram passos nessa direção. 

Ser de esquerda hoje é lutar contra a modalidade assumida pelo capitalismo no período histórico contemporâneo, é ser antineoliberal, em qualquer das suas modalidades. A moderação ou a radicalidade estão nas formas de articulação, ou não, entre o antineoliberalismo e o anticapitalismo. Seria demasiado pedir que pesquisas e editoriais imersos no universo neoliberal como seu habitat natural, sem a perspectiva histórica que permite entender o neoliberalismo e o capitalismo como fenômenos históricos precisos e a história como produto de correlações de forças cambiantes , pudessem captar o sentido de ser de esquerda e de direita hoje. São vítimas de clichês que eles mesmos criaram e que os aprisionam.

Enquanto isso, a América Latina, sua direita e suas esquerdas, se enfrentam nas condições concretas e especificas do mundo contemporâneo.